Participante: como se libertar do desejo que a mente sugere?

Sabendo que ele é um desejo. Sabendo que ele está sendo usado por um individualismo, por uma vontade de querer ganhar individualmente. Sabendo que você não está desejando, mas que isso é um soldado que os inimigos da sua paz estão lançando contra.

Com relação aos soldados, além do desejo específico por alguma coisa existem outros que precisaremos conversar fortemente ao longo de nossas conversas. Por exemplo: critérios de justiça e injustiça, o bem e o mal, certo e errado, bonito e feio, limpo e sujo. Esses critérios, que você pensa que é opinião sua, são lhe dados e servem para justificar a presença do general e dos tenentes.

Por exemplo: um desejo que esteja justificado por você achar que merece receber alguma coisa. A presença desse soldado junto ao desejo lhe faz entender que ter aquele desejo é certo, é bom. Lhe faz imaginar que deve ter aquele desejo porque merecer ter aquilo. Merecimento e não merecimento são soldados usados pelos inimigos da paz.

Esses critérios são usados pelo auto comando do exército inimigo para justificar que você tenha o desejo, para justificar o desejar. Por exemplo: o auto comando diz que todo mundo tem o direito de ter sua casa própria. Mais: diz que cada um ter a sua casa própria é um algo justo. Você já parou para pensar que se todos tivessem sua casa própria, aquele que vive de receber aluguéis, que construiu a casa com o seu suor e agora vive de receber os rendimentos deste trabalho, vai morrer de fome. Você acha isso justo?

Portanto, será justo com essas pessoas que todos tenham a sua casa própria? Claro que não. Só que para você é. Por que? Porque você está usando o seu critério de justiça: um critério que lhe beneficie individualmente.

É isso que precisa ser pensado na hora que vem o desejo. Será que ele é realmente tão inocente? Será que não está apenas buscando a minha própria satisfação sem me importar o que ele resultará para os outros? Será que o meu desejo realmente é justo, é legítimo?

Lembro uma vez que uma pessoa me disse: ‘ah, Joaquim! Trabalhei muito numa empresa, mas na hora da promoção outra pessoa foi promovida no meu lugar. Isso é injustiça’. Eu respondi que realmente no critério individual dessa pessoa aquilo era uma injustiça, mas no de quem promoveu, promover outra pessoa foi algo justo.

Sei que quando se fala isso vocês vão logo buscar elementos para acabar com a justiça que o outro fez. Não importa qual seja o motivo que o chefe tenha para promover uma ou outra pessoa – pode até ser o fato do promovido ser um puxa-saco – para ele aquilo era motivo justo para a promoção daquela pessoa. Portanto, mesmo que você não ache que o acontecimento tenha sido justo, ele foi, porque quem o praticou estava fundamentado no seu próprio critério de justiça.

É através dessa análise dos acontecimentos da vida que se liberta do desejo. É avaliando, estudando, se dentro do que é desejado não está uma intencionalidade, não está um individualismo. Descobrindo isso, é necessário se combater essa ação.

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