Participante: é igual a história das duas princesas que tornaram-se escravas que você contava?

Sim. Para quem não a conhece vou resumir. Na verdade essa história é a sinopse de um livro escrito pela Zíbia Gasparetto.

Duas princesas foram sequestradas nos seus reinos e se tornaram escravas dos governantes de um povo. Moravam juntas no mesmo palácio. Uma era revoltada com a sua situação e demonstrava isso aos senhores; a outra não demonstrava nenhuma revolta e era plácida com quem servia.

Um dia a revoltada abordou a plácida e questionou: ‘você era uma princesa, tinha tudo, agora virou uma escrava. Não tem nada, é obrigada a fazer tudo o que os senhores querem. Mas, não se revolta com isso? Deveria lutar para escapar da situação atual’. A outra respondeu calmamente: ‘você é escrava deles, mas em mim eles escravizam apenas o corpo. O meu coração é livre’.

Vocês são prisioneiros dessa vida porque estão presos a ela de corpo e coração. Libertando seu coração, estarão livres desse mundo, mesmo que o corpo continue escravizado a ele.

Vamos refletir sobre essa história? Do que a mulher plácida era livre? De ter que ser livre.

Todos querem ser livres, só que para isso se aprisionam a própria liberdade. Ninguém precisa de liberdade para ser livre. É possível ser livre mesmo sendo escravo. Basta libertar o seu coração. Na hora que não houver mais posses, paixões e desejos sendo vividos, você será livre desse mundo, mesmo que o personagem humano continue escravo das normas humanas.

Participante: no caso da pessoa ali, mesmo sendo mãe, se chateando com o que acontece com a filha, pode ser livre, não?

Sim. Quando? Quando for livre de não ter que se chatear com o que está acontecendo.

Participante: quando se der o direito de se chatear?

Quando se der o direito de se chatear, sem se chatear se isso acontecer.

Aquele que é aprisionado a não se chatear, se chateia porque está chateado. O livre se aceita do jeito que é. Por isso a chateação vem e passa. Não cria raízes no coração.

Participante: não sofre.

Quando você é aprisionado a não se chatear, se chateia quando a chateação chega.

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